Resenha Literária #5: Sobre a Leitura - Marcel Proust
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Finalmente, concluí minha primeira leitura de fevereiro. Na verdade, terminei o livro dia 08/02, mas só vim postar a resenha hoje por motivos de outras programações. Agora, estou decidindo entre ler algo do Tolstói ou passar para King e Poe.
Um tempo atrás, publiquei na minha linha do tempo do facebook uma lista de livros que estava procurando para comprar ou pegar emprestado, e uma amiga minha se ofereceu para emprestar Walden (Thoreau) e junto com ele, me indicou a leitura de Infância, Adolescência, Juventude (Tolstói) e Sobre a Leitura (Marcel Proust). Por fazer parte da coleção das 96 páginas da L&PM, optei por iniciar o mês com uma leitura mais curta, já que o último que li me deixou meio "empacada" e tenho certa dificuldade para ler quando estou em casa. Felizmente, funcionou, e agora concluí 50% da meta de leitura do mês, que é a de ler dois livros. Estou tentando melhorar, e pretendo ler quantos livros conseguir.
Título: Sobre a Leitura - Seguido do depoimento de Céleste Albaret
Autor: Marcel Proust
Páginas: 96
Editora: L&PM Editores
Ano: 1905 (escrita do texto)
Gênero: Literatura Internacional
SINOPSE: Entrevista com Céleste Albaret concedida a Sonia Nolasco-Ferreira, publicada originalmente na Revista 80, no inverno de 1983. “...meus pais pronunciariam cedo demais a frase fatal: ‘Agora, feche seu livro, vamos almoçar’.” A partir de recordações da infância Marcel Proust traz ao leitor uma série de reflexões sobre o ato de ler. Passando por nomes como Homero, Shakespeare e Racine, o autor de Em busca do tempo perdido explora as relações entre autor e leitor, e revela – a leitura é uma amizade sincera. Publicado originalmente como prefácio de Sésame et les Lyz, de John Ruskin, em 1905, “Sobre a leitura” acabou ganhando vida própria e, pelos olhos de um grande leitor, nos mostra o que há de mais maravilhoso no ato de ler. Neste volume o leitor também encontrará um depoimento de Céleste Albaret a jornalista Sonia Nolasco-Ferreira. Céleste cuidou de Proust durante dez anos, até a morte do autor, em 1922, e, mais do que uma governanta, se tornou amiga e confidente de “Monsieur Proust”.
RESENHA: Como foi citado na sinopse, "Sobre a Leitura" foi escrito originalmente como o prefácio do livro "Sésame et les Lyz", de John Ruskin, em 1905. Ou seja, é um texto bem antigo, e por conta disso, possui uma linguagem mais difícil. Para mim, que não estou acostumada, foi uma leitura um tanto quanto complicada apesar das poucas páginas. O texto segue sem divisão de capítulos até a página 56, onde inicia então o depoimento de Céleste Albaret, ex-funcionária e amiga de Proust.
Na primeira parte, onde podemos encontrar então o texto integral, Proust nos traz uma reflexão sobre a leitura em sua infância e como começou a se interessar, criar gosto pela leitura. Ao longo do texto, vai citando sobre a importância da leitura e dos momentos onde estamos lendo, que serão recordados no futuro com carinho, e ele também reflete sobre a importância dela em nossas vidas. Possui uma linguagem culta, explicada pela época do texto, mas que se consegue fazer entender após alguns momentos de insistência.
A parte do depoimento de Céleste foi muito mais tranquila e fácil para ler. Tanto uma quanto outra, terminei em pouquíssimas horas, se é que cheguei a demorar tanto. Céleste busca em seu depoimento contar sobre como foi sua vida ao lado de Marcel Proust depois de se mudar para a casa dele para trabalhar até o dia 18 de novembro de 1923, quando a vida acabou para ele. Os dois ficaram bastante íntimos nesse período de tempo, e Céleste se tornou amiga e confidente do autor, que passava por extensas crises de asma. Ela conta sobre as horas que passava ouvindo os relatos de Proust sobre bares e pessoas e como mais tarde teve a oportunidade de encontrá-los novamente em seus livros, além da última viagem que fizeram à Cabourg e diversos boatos que surgiram a respeito do autor.
Essa se tornou uma leitura ao mesmo tempo leve, pelo tamanho, e pesada, pelo nível de conhecimento que ela exige e transmite ao leitor. Ainda assim, trouxe bons quotes que certamente anotarei para vocês logo abaixo. É uma leitura que indicaria principalmente para quem gosta de ler esse tipo de texto e quer se aventurar em algo mais cult (risos), mas se você gosta muito de ficção, romance e não tiver interesse, tudo certo também.
QUOTES:
“Os livros desempenham então um papel análogo ao dos psicoterapeutas para certos neurastênicos”.
“Da pura solidão, o espírito preguiçoso não pode tirar nada, pois é incapaz de, sozinho, por em movimento a sua atividade criativa. (…) A única disciplina que pode exercer uma influência favorável sobre estes espíritos é, portanto, a leitura…”
“Sem dúvida, a amizade, a amizade que diz respeito aos indivíduos, é uma coisa frívola, e a leitura é uma amizade. Mas ao menos é uma amizade sincera, e o fato de dirigir-se a um morto, a um ausente, lhe dá qualquer coisa de desinteressada, quase tocante”.
“Talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles que pensamos ter deixado passar sem vivê-los, aqueles que passamos na companhia de um livro preferido”.
“… tudo isso que a leitura nos fazia perceber apenas como inconveniências, ela as gravava, contudo, em nós, com uma lembrança tão doce (muito mais preciosa, vendo agora à distância, do que o que líamos então com tanto amor) que se nos acontece ainda hoje folhearmos esses livros de outrora, já não é senão como simples calendários que guardamos dos dias perdidos, com a esperança de ver refletidas sobre as páginas as habitações e os lagos que não existem mais”.
“O que as leituras da infância deixam em nós é a imagem dos lugares e dos dias em que elas foram feitas”.
“Depois a última página era lida, o livro tinha acabado. Era preciso parar a corrida desvairada dos olhos e da voz que seguia sem ruído, para apenas tomar fôlego, num suspiro profundo”.
“Procurei mostrar […] que a leitura não poderia ser assimilada a uma conversação, mesmo com o mais sábio dos homens; que a diferença essencial entre um livro e um amigo não é a sua maior ou menor sabedoria, mas a maneira pela qual a gente se comunica com eles, a leitura, ao contrário da conversação, consistindo para cada um de nós em receber a comunicação de um outro pensamento, mas permanecendo sozinho, isto é, continuando a desfrutar do poder intelectual que se tem na solidão e que a conversação dissipa imediatamente”.
Alguém aí já leu Proust e tem outros livros dele para me indicar? Mantenho meu interesse e certamente voltarei a ler mais do autor. Se já leram esse, o que acharam?
10 Comentários
Tenho A Fugitiva de Proust, ganhei há uns 3 anos e tentei ler na mesma hora, mas fiquei intimidada pelo vocabulário mais complexo e acabei deixando de lado. Esses quotes me trouxeram a vontade de lê-lo agora. Parece ser um livro bom, com uma dinâmica bem diferente.
ResponderExcluirum beijo,
acid-baby.blogspot.com
Entendo! Quase me deixei intimidar também. Que bom que consegui passar isso pra você! :)
ExcluirNão conhecia o autor, mas esse ano estou querendo ler livros novos e sair um pouco da zona de conforto. Estou lendo meu primeiro livro do Tolstói e quero ler mais literatura russa, mas tenho uma queda (melhor chamar de "tombo" haha) por literatura francesa e esse livro "Sobre A Leitura" chamou muito a minha atenção haha Irei procurar saber mais sobre Marcel Proust =D
ResponderExcluirÓtima resenha!
Beijão
Toca da Lebre
Somos duas, Dora! Tenho vários russos na lista, mas de francês, acho que era só o Proust mesmo e ele entrou muito por acaso! Hahaha!
ExcluirOie Carol =)
ResponderExcluirNão conhecia o livro e o autor, mas pela sua resenha tenho a sensação que para esse momento da minha vida a leitura seria um pouco maçante.
Mas fico feliz em perceber que para você a a leitura foi gratificante ^^
Beijos;***
Ane Reis | Blog My Dear Library.
Oi! Entendo, hahaha!
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ResponderExcluirHey Carol!
Adorei um pouco da sua leitura e as várias frases, tambem to tentando aumentar as minhas leituras mensais
Adoro ler esses mais clássicos e estou querendo ler tambem, adorei as frases, já quero marcar hahahaha
"
O que as leituras da infância deixam em nós é a imagem dos lugares e dos dias em que elas foram feitas"
amei!
ja aproveitei e segui seu blog
Beijocas da Pâm
Blog Interrupted Dreamer
Hahaha sim! É uma frase linda <3
ExcluirOi, Carol
ResponderExcluirNunca li nada do autor e, apesar de ter planejado ler algumas coisas mais substanciais esse ano, acredito que, para mim, essa seria uma leitura enfadonha.
Curti bastante a sexta quote!
Beijos
- Tami
http://www.meuepilogo.com
Oi! Entendo completamente! Todos temos nossas fases, né?
ExcluirOlá! Seja bem-vindo e sinta-se em casa. Ficarei imensamente feliz em ler sua opinião sobre essa postagem. Logo, logo, farei uma visitinha em seu blog para retribuir. ♥